Malandra Maria Izabel do Morro:


Hoje quero falar sobre a senhora da felicidade, a Malandra que gosta que todos estejam bem, felizes e em segurança. A Malandra Maria Izabel que viveu parte de sua vida num famoso e contemporâneo Morro do RJ. Essa mulher que valorizava sonhos, noites enluaradas, sambas, leveza, ginga e principalmente sua própria voz. Essa mulher sempre foi imponente, cabeça erguida, sem medo de homem, mal querência ou inveja de inimiga. Muito senhora de si, Maria Izabel trilhou um caminho de conveniências, coragem, fibra e lutas, não entendia as posições machistas, racistas e negativas da maioria das pessoas de sua época. Sempre foi uma mulher do povo, quando pequena recebia surras daqueles que queriam calar sua voz cheia de propriedade e sinceridade que consideravam com excessos, clamava por liberdade, emancipação, respeito, queria não precisar obedecer dogmas e conceitos antiquados. Na época que vivia as pessoas não lhe viam bem, era tida como "rebelde", "desordeira", impetuosa, tinha pensamentos como uma mulher a frente de seu tempo, não queria ser o que consideravam como "mulher direita, respeitosa ou dama", queria viver sua vida intensamente, não se importando com os julgamentos dos que secretamente tinham inveja da coragem que Izabel tinha. 

Mas teve um ledo engano, deixando se levar por um homem de trapaças, desenganos e na primeira oportunidade foi traída. Essa traição não custou sua vida imediatamente, mas foi o estopim para muita dor e um caminho de auto destruição. Perdida nas próprias tormentas, afogando a tristeza na bebida, Izabel desencarnou, a jovem menina que recebeu nome de princesa, padeceu ao sofrimento e se entregou a escuridão. 
Mas sua luta nunca foi em vão, outras mulheres ouviram seu lamento ecoando nos vales sombrios, assim foi resgatada e renasceu. Dentro da umbanda ela trabalha com a alegria dos devotos, a riqueza, o amor próprio, cura os desacreditados, os queixosos, firme com sua palavra, não admite sofrimento de mulheres ou a falta do pão na mesa do homem trabalhador. Essa mulher é amor, apenas isso. Maria é amor. 

Essa entidade é muito nova nos terreiros de umbanda, não tem falange própria, pertence as Malandras e Malandrinhas do Morro, falange que a acolheu e determina sua fundamentação. Não fornece esse nome em qualquer terreiro, podendo afirmar apenas Malandra do Morro. Ela é tão difícil e contemporânea, que conheço apenas duas médiuns com esse nome.

Características:

Indumentária:
Gostam muito de branco, vermelho e ás vezes preto. Muitas usam calças, calça social, saias, camisas, batas tradicionais, camisas listradas.

Gostam de chapéus simples, porém de qualidade, normalmente aba curta. Nas cores vermelha e branca, branco com fita preta.

Bebidas: Cerveja branca, cerveja preta, Whisky, conhaque, entre outras. Apreciam tulipas, copos de bar (tipo americano) e raramente bebem em taças.

Comidas: As comidas preferidas são os petiscos, principalmente do barzinho, do boteco : Salame temperado no limão, linguiça calabresa, Farofas, amendoim e azeitonas.

Fumo: Gostam de quase todo o tipo de cigarro, de tão simples que são, mas costumam usar filtro vermelho, filtro branco, cigarro de palha e charutos.

Religiosidade: Muitas foram frequentadoras de "Macumbas", foram hostilizadas por isso inclusive, e por ironia do destino ou força da espiritualidade, se tornaram espíritos que nos ajudam, exatamente como pediam em suas encarnações, muitas tem fé em São Jorge, Ogum e Oyá.

Fundamentos: Baralhos, dados brancos, dados vermelhos, dados coloridos, samba (principalmente o samba de roda), partido alto, chapéu, punhais, navalhas, velas brancas, velas brancas e vermelhas, cravos vermelhos, garrafas e muitas outras coisas.

Pontos Cantados:

"Lá no Morro sim, que é lugar de tirar onda,
é bebendo cachaça, fumando um bagulho e jogando ronda."


"Vocês tão vendo aquela casa pequenina, lá no alto da colina, que mandei fazer.
É lá que Malandra mora, otária não tem moradia.
Ó joga a chave meu bem,
que aqui fora está frio, se eu cheguei tarde e perturbei teu sono, a casa é minha e eu chego a hora que eu quiser."


Espero que vocês tenham gostado, Axé de Maria. 
Salve Malandra Maria Izabel do Morro.
Salve a Malandragem.
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Imagem ilustrativa.

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