Linha da Malandragem


                                    

A Linha da Malandragem propriamente dita é contemporânea nos terreiros de umbanda, ela não foi estabelecida com o inicio da "umbanda", já que a Umbanda oficialmente organizada e "anunciada" pelo caboclo das 7 encruzilhadas, tinha como pilar os pretos velhos, caboclos, crianças e posteriormente os exus. Antigamente os diversos espíritos que fazem parte da Linha manifestavam -se em cultos diversos, desde que pudessem estabelecer os seus trabalhos. No passado os cultos regionais já presenciavam os trabalhos caritativos de alguns desses espíritos, com a diferença na sua roupagem fluídica. A condição energética nos catimbós era diferente, já nas macumbas desorganizadas, quimbandas, batuques, cabulas e rodas, a roupagem já era constituída de como conhecemos hoje. Apesar disso nós afirmarmos que todo Zé Pelintra é um mestre juremeiro, nem sempre dá muito certo, tendo em vista que muitos desses homens e mulheres que compõem a Linha são contemporâneos, urbanos, e estão desenvolvendo seu processo evolutivo nas Leis de Umbanda agora. Muito diferente de um Mestre ou Mestra, inteiramente pertencentes a Jurema, encantos, que tem ordenanças diferentes e não obedecem a Hierarquia de Orixás. Fica um pouco mais fácil quando pensamos que um Mestre pode vir na Gira de Umbanda, inclusive trabalhando como Malandro, mas nem sempre o inverso acontece. Nem todo Malandro pode sequer chegar perto dos Reinos de Encanto, ter contato com fundamentos da Jurema. Isso é de um trabalho complexo, tradicional, ancestral, ligado a Mestres antigos e o Mistério da ciência que a Jurema representa. 

Mas voltando as manifestações, antes na umbanda, Seu Zé vinha em quase qualquer linha, a umbanda não tinha essa organização que tem hoje, então ele se manifestava em giras de exu, muitas vezes se afirmando exu, vinha na Gira de Baiano e se dizia Baiano e assim por diante. O trabalho dele se propagou assim na Umbanda, tanto que existem espíritos que trabalham assim até hoje, se afirmando como querem, independente de muitos dizerem que seu Zé não é Exu, não é baiano. Nas últimas décadas começou um movimento lento nos terreiros, os Malandros começaram a se estruturar, começaram a dizer que não eram Exus, mas isso não foi amplificado, como cada casa tem uma raiz, um segmento, alguns conseguiram trabalhar separado, outros não. Os Malandros conseguirem se afirmar Malandros, sem aglutinação de outras linhas, junto ao conhecimento dos dirigentes foi muito importante para alinhar certas coisas e abrir os caminhos para as Malandras. Essas entidades femininas também percorreram quase os mesmos caminhos, com a diferença que em algumas casas manifestava se um grupo com seus nomes, mas com fundamentos de Pombagiras, desenvolvendo um trabalho a parte, que pode ser encontrado nos terreiros até hoje. 

Portanto, não tem como ninguém ficar confuso, porque além da entidade dizer o que ela é, suas características também seguem um padrão. Quando uma entidade fala que é Pombagira, ela é e ponto. Só falta dar os nomes espirituais, falanges, agrupamentos, ponto cantado e o ponto riscado, com as Malandras e Malandrinhas ocorre o mesmo. Falou que é Malandra ? Ela é Malandra. E vai riscar ponto, dar Ponto Cantado de Malandra e Falanges de Malandra. 

Exemplos através das " Faces de Maria" : 

Baiana Maria Navalha - Gosta de colares, pimentas, peixeiras, coquinho, roupas estampadas, torços, ou seja, ela é uma baiana, condiz com a Linha dos baianos. Alguns agrupamentos : Baiana Maria Navalha do Maranhão, Baiana Maria Navalha de Alagoas, etc. 

Mestra Maria Navalha - Ela vem dentro do Catimbó, com a mesa firmada, gosta de maracas, colar de sementes, fuma cachimbo, gosta de seus lírios de Mestra. (Cânticos sagrados da jurema, parecidos com os pontos cantados de Umbanda, mas com tom de oração). 
Dentro da Jurema, os Mestres se dividem de forma diferenciada da Umbanda. 

Pombagira Maria Navalha - Usa muito preto, vermelho, não gosta de chapéu, usa rosas, ojás nos cabelos ou nenhum adereço na cabeça, arreia, dá gargalhadas, gosta de tridentes, saias, punhais, leques, trabalha junto com pombagiras e exus. Trabalha dentro da colônia de pombagiras, essa é a Navalha que trabalha muito com Maria Padilha. (Muita gente chama de braço esquerdo, ela é muito diferente da Malandra). Trabalha diretamente com Exus, Pombagiras e Exus Mirins. Alguns agrupamentos: Pombagira Navalha da Calunga, Pombagira Navalha das Almas, etc. 

Malandra Maria Navalha - Usa chapéu, sempre. Não existem Malandros sem chapéu, podem existir Mestras, Baianas e Pombagiras sem usar o chapéu, mas Malandragem sempre usa, essa é a marca registrada da Linha. Ela gosta de dados, baralhos, navalhas, punhais, saias, calças, ginga, samba, as vezes cai com o joelho flexionado, trabalha com Malandros. Quando não executa trabalhos no nosso plano, ou em outros planos, permanece na Colônia de Malandras. Alguns Agrupamentos : Malandra Maria Navalha da Lapa, Malandra Maria Navalha do Cais, etc. 

Os trabalhos se diversificam por terreiros, médiuns, raízes espirituais, estados, ancestralidade, mas todos tem por objetivo auxiliar as pessoas, evoluindo mutuamente, crescendo em luz com tantos mundos trevosos. Cabe a nós, lutarmos todos os dias para que isso aconteça. 

Espero que vocês gostem e tirem mais duvidas, porque essa página é um portal de conhecimento. 
Axé ! 

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