Reflexão:

"Será que muitos umbandistas tem a consciência do papel de uma entidade ?"

Muitas pessoas ao ficarem de frente com uma entidade de umbanda, especialmente malandragem, querem resolver seus "problemas" materiais. Porque para muitos, a riqueza exacerbada, o carro da moda, o relacionamento fetiche são as bases sólidas de felicidade.
Mas percebem como tudo isso é externo?
São coisas boas sim, eu concordo. 
Mas não são essenciais para se viver, famílias inteiras se viram como podem, exatamente como alguns malandros faziam.
Um ajudando ao outro.
Todo santo dia alguém enfrenta uma batalha real contra a fome, desemprego, desabrigo.
Os carros são meios de transporte confortáveis, mas muita gente desce a ladeira ou sobe a rua no subúrbio após um dia inteiro no trabalho ou noite no samba. E dando risada. Ou sorriso tímido como de quem agradece pelo descansar ou acordar.
E alguns também já não tem mais tanto interesse em namorar, casar, ter filhos ou postar fotos nas redes sociais. 

Será que a entidade vem em terra apenas para falarmos dessas coisas?

Será que alguns de nós já paramos para pensar na nossa própria ancestralidade e a Malandragem?
Nosso passado com as entidades. 
Porque somos tão ligados à essa linha.
Que de boêmia só tem o início. Com coisas muito mais profundas para nos ajudar a trabalhar.
Resgatar nossa conexão com o sagrado, de maneira acessível. Sem firula, enfeite, fantasia, vaidade ou egolatria. 
Apenas o preto no branco (Pelintra).
Ou o branco no preto, (Camisa Preta).
Aquela mensagem que toca profundamente seu coração e você transborda em paz, calmaria, firmeza, simplicidade e gratidão. Seja com um abraço da Maria do Cais ou com um conselho importante do seu Malandrinho.

Entidades são parcerias espirituais, completamente preparadas para te auxiliar a ser alguém melhor.

Não tem muito haver com as coisas da carne, o auxílio nessas coisas existe, essa manipulação energética comum nos terreiros de umbanda é apenas parte da missão, a bagagem que se carrega e principalmente a que se "recarrega" cada vez que você evolui após uma gira é o que importa no fim.

Malandros e Malandras são espíritos não tão antigos, mas com muita habilidade para livrar você da dor, da tormenta da vida, da aflição cotidiana, do peso nos baldes que todos os dias você carrega. Muitas vezes sozinha ou sozinho.
Eles ainda fazem certas correções. Essas correções vem por intermédio de uma boa conversa. Quando um Zé te chama para a realidade da vida, o que vale verdadeiramente a pena e o que você está fazendo sobre isso.

Você tem o despertar espiritual, consciência das suas responsabilidades, do seu crescimento, sua evolução (O eixo central). Isso é o princípio que fundamenta sua entidade. Realizar transformações do interno para o externo. 
Se ela te auxilia e você consegue enxergar o processo, modificar seu campo interno, suas ações, parte do caminho andado.

Possivelmente você irá aprender que o carro do ano, namorado agressivo ou aquela namorada ciumenta não fazem tanta diferença agora, relações infundadas sem resgate também não, nem mesmo ganhar na mega Sena.

Talvez você comece a valorizar o que já tem e conquiste apenas o necessário para terminar de cumprir essa existência com tamanha dignidade. Sem ferir o outro (a), muito menos a si mesmo.

Você olha ao redor, percebe o que já é essencial, sua família está aí, seu vizinho está ali, seus amigos logo lá, os animais com amor puro para fornecer. E se ainda sim um dia você se achar confuso, perdido, triste, sozinho ou esquecer de si mesmo. Rogo ao vento, quem lhe guarda nesse dia, nessa hora, nesse momento. 

A Malandragem da Umbanda está com você meu filho, basta chegar com respeito, devoção, fé inquebrantável. Não precisa de muito dinheiro, roupa de grife ou coisas caras. Ninguém pode tirar a sua fé. Pois ela seu coração produz.

Bom sábado. 
Salve a Malandragem.
Axé!

Autoria : Priscila de Iemanjá. Administradora do Blog Malandros e Malandras. Respeitem os direitos autorais. Material protegido por leis.

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