Relações de Malandros e Malandras:
Esse ponto muito comum nas casas umbandistas, quase sempre em giras de malandragem ou giras com toda a egregora da esquerda, simboliza aparentemente um homem que se defende, tentando se explicar na delegacia, sobre a morte de uma moça, sendo ela seu amor verdadeiro ou não. Mas o que eu quero trazer para vocês a partir disso é outra coisa, quero falar sobre as relações profundas das entidades, entre elas ou conosco.
Muitas pessoas fazem errado, ao se basear em uma única história, relato ou texto para falar de suas entidades. Eu já escutei de tudo, que toda Maria Navalha é mulher de Zé Pelintra, que malandros e Malandras tiveram caso, que algumas Malandras que usam calça foram lésbicas e por aí vai.
Não estou dizendo que são mentiras, mas quero atentar ao fato de que algumas pessoas infelizmente generalizam tudo isso, misturando num caldeirão e reduzem a entidade à relações que tiveram em suas vidas passadas.
Para o trabalho espiritual não importa se fulano foi marido de ciclana, se duas Malandras tiveram um caso, se o Zé das Almas teve um caso com Malandra Maria Preta ou se uma Maria Navalha do seu terreiro foi amante do Zé Malandro do Pai pequeno, isso tudo é a parte de um passado, que só será lembrado caso faça parte de alguma lição para você, tirando isso, não importa em absoluto. Porque a espiritualidade tem como foco, caridade, amor ao próximo e crescimento espiritual.
Às histórias das entidades são individuais, assim como as nossas, e muitas Malandras tiveram inúmeras vidas que não tiveram contato com os Malandros que são seus companheiros de trabalho, da mesma forma como os homens, que nem sempre tiveram caso com elas, claro que isso pode ter acontecido sim, mas isso é apenas parte de sua ligação. Precisamos desmistificar que toda parceria espiritual envolveu casos amorosos, namoros, casamentos ou divórcios. Se sua entidade trouxe isso até você, esse conteúdo envolve lições, consciência espiritual, às vezes pode envolver também missões de vida e ligações cármicas, sendo necessária seriedade para lidar com o assunto e compreender essa informação. Porque não adianta muito eu saber que tal Malandro se envolveu amorosamente com minha Malandra, isso não muda em nada para minha vivência. Mas saber que ambos trabalham juntos e eu também tenho ligações com o Médium daquele Malandro sim, isso pode influenciar nossas caminhadas, já que estamos trabalhando juntos na seara umbandista.
Muitas pessoas associam a Pombagira Maria Padilha ao seu Zé Pelintra, falam que eles são um "par". Na realidade algumas dessas pombagiras atuam ao lado de malandros, com trabalhos sérios e complementares, não necessariamente que eles tiveram um caso em alguma vida passada ou isso ocorra com toda Pombagira Maria Padilha, não generalizar é essencial.
As pessoas no Nordeste, especialmente em Pernambuco tem uma ideia completamente diferente do Sudeste, para eles a "mulher" que seu Zé Pelintra amava era Maria Luziara, mestra catimbozeira de renome nas bandas de lá.
Inclusive o ponto :
" Na rua da amargura, aonde seu Zé Pelintra morava. Ele chorava por uma mulher, chorava por uma mulher que não lhe amava.." Muitos atribuem a essa mulher naquela região.
Já associarem a Maria Navalha se relaciona aos textos recentes das últimas décadas com a história dele ter lhe dado uma Navalha para defesa.
A questão principal aqui não é que eles não tenham tido casos diversos, com relações de paixão, fúria, ciúme, amor, ódio e perdão. O que importa é sabermos que cada entidade tem uma história única, sempre ditada pela entidade e com relevância para nossa religião. As formas de contarem pode ser por clarividência, intuição, clariaudiência, sonhos (ás vezes vários), ou até contando a alguém na gira. Nos terreiros quase sempre eu sou esse "alguém", com minha prancheta, cadernos, rascunhos, eu fico envaidecida quando elas e eles querem dividir seus fundamentos comigo, eu me sinto privilegiada, porque eu realmente me interesso, não porque vou ganhar rios de dinheiro, aprender magias ou sair me vangloriando por aí. Mas porque eu amo essa linha, tanto quanto vocês.
Para todos os Malandros e Malandras que já dividiram suas trajetórias comigo. Meu saravá fraterno, com honra e gratidão. Para os que ainda irão dividir, estou feliz e me sinto honrada, porque o trabalho não pode parar.
Axé!
Obs I : Muitos Malandros tiveram várias mulheres sim, em muitas vidas. Mas no terreiro isso se traduz apenas com lábia, jogo de cintura e galanteio. Sem nunca serem machistas, mal educados ou inconvenientes.
Obs II: Alguns malandros e Malandras tiveram casos com pessoas de ambos os sexos, o que em nada modifica sua forma de trabalho, mas isso não é um problema para nós, afinal não somos preconceituosos e nosso enfoque é conhecimento e espiritualidade. Isso não se refere a todos, mas a sexualidade do outro deve ser tratada com respeito, carinho e compreensão.
Espero que vocês tenham gostado!
Salve a Malandragem!
Autoria : Priscila de Iemanjá.
Esse texto é proibido para cópias parciais ou integrais sem expressa autorização da autora. Compartilhe diretamente da página, não copie, não faça alterações. Material protegido por lei. Plágio é crime. Todos os direitos reservados.
Imagem meramente ilustrativa. Desconheço a modelo e o fotógrafo. Mas terei prazer em cita -los ou retirar a imagem caso seja vontade destes.