Malandrinha do Cais

"Ela é Malandra, Malandrinha lá do Cais,

Quero ver você fazer, o que a Navalha faz..."

Olá meus queridos seguidores, leitores, amigos, alunos, pessoas de axé. Hoje atendendo a um pedido especial, vamos falar da Malandrinha do Cais, jovem Malandra com muitas médiuns na Umbanda Sagrada.

Eu conheço a Malandrinha do Cais, há alguns anos, sempre que a vejo no Terreiro de Umbanda percebo sua jovialidade, sua alegria, ela quase sempre incorpora "sacolejando" as cadeiras de sua médium, por assim dizer, ela é a menina faceira do samba.

Ela é uma Malandra bonita, porém, mais simples, gosta de estar arrumada, mas sem tantas vaidades, tem inúmeras histórias atreladas a vários Cais. A que descrevo tem maior ligação com o Cais da cidade do Rio de Janeiro, porém, existem outras ligadas á outras cidades e estados. Sua criação está fundamentada nos arredores do Centro, dos velhos sobrados, igrejas erguidas e escravos que ali eram desembarcados. Tem muita força de vontade, garra e humildade, assim como suas médiuns, essa mulher que tem antepassadas africanas, segredos das ruas centrais da cidade, com sambas proibidos, boêmios vadios, muleques perdidos e mulheres - damas. Sempre foi uma pessoa muito determinada, ajudava a todos que lhe procuravam, com generosidade, dividia o pouco que tinha para comer, nas encarnações no Rio de Janeiro, teve muitos amigos, que no fundo se tornaram sua família, construía com eles uma relação de fraternidade e amor. Apesar de eu poder contar livremente sua personalidade, sobre suas vidas não me autoriza, pelo menos não agora, é necessário que suas médiuns tenham maior conexão com ela, principalmente em mensagens através dos sonhos, aonde pode repassar trechos, entre outras coisas importantes, repassado diretamente por uma deste agrupamento.

No terreiro de umbanda quase sempre é alegre, com sambas na ponta do pé, algumas vezes será muito falante, interagindo com todos na gira, colocando as mulheres para sambar junto e os homens para batucar, adora batucadas e ver as pessoas felizes. São raros os momentos que a vejo mais introspectiva, quando está calada, é possível vermos que está executando trabalhos para suas queridas consulentes.

Algumas estão ligadas ao trabalho com as Malandras do agrupamento de Dona Maria Navalha, outras não, muitas trabalham de maneira independente, atuando muito com Malandros e outras falangeiras da Falange Cais. As Malandrinhas do Cais, apesar de serem mulheres faceiras, bonitas, são ligadas aos homens, eximias trabalhadoras no plano astral de limpezas espirituais e desamarras emocionais.

Quando cantamos o trecho do ponto "Quero ver, você fazer, o que a Navalha faz", tem algumas interpretações possíveis, o tom parece um desafio, e erroneamente alguns interpretam como se ambas fossem desafetos, mas em muitos casos é exatamente o contrário, está mais relacionado ao que Malandras Marias Navalha podem fazer, e Malandrinhas do Cais fazem igualmente, mesmo sendo jovens, seja jovem na roupagem fluídica, ou jovens na Linha da Malandragem mesmo, como novas mensageiras da seara umbandista.

Suas médiuns são consideradas pessoas joviais, não importando a idade que tenham, gostam de alegria, reuniões familiares, estar entre amigos, são generosas, complacentes, intuitivas, determinadas e leais. Tem uma personalidade marcada por estar sempre "atentas", como se estivessem sempre preparadas para guerrear, as pessoas não conseguem esconder as coisas delas, não por muito tempo. 

Características da Malandrinha do Cais:

Indumentária: Branco, vermelho, raramente usam preto. Chapéus em geral de aba curta, branco com fita vermelha é o mais comum. Gostam de calças brancas, blusas listradas (branca e vermelha), camisas, batas tradicionais, o uso de saia é mais difícil, não registrei ainda, mas claro que deve existir.

Comidas: Farofa de dendê, farofa de linguiça, linguiça calabresa acebolada, cebola, camarão frito, sardinhas fritas no dendê, manjubinha, salame temperado com limão.

Bebidas: Cerveja branca, coquinho, batida de coco, raramente cachaça. Gostam de tulipas, copos americanos, o uso de taças por elas é pouco conhecido.

Fumo: Cigarro filtro vermelho, cigarro filtro branco e raramente cigarro de palha.

Fundamentos: Dados brancos, dados coloridos, dados vermelhos, baralhos, dominó, pedras brancas, baús, búzios, punhais pequenos, navalhas, canivetes, fitas, capoeira, samba de roda, partido alto e moedas.

Espero que vocês tenham gostado. Salve a Malandrinha do Cais.

Salve a Malandragem !

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