Obaluaiê e a Malandragem (Falanges Calunga pequena (cemitérios), Cruzeiro das Almas e Almas):


Orixá da terra, senhor dos mistérios da morte, protetor das doenças, cautela, silêncio, vitalidade, guerreiro, dominador, febre, profundidade, cura.

No mês de agosto a maioria dos umbandistas fazem homenagens ao Orixá da terra, senhor Obaluaiê. Também é comum irmãos candomblecistas da nação ketu fazerem a festa tradicional chamado "Olubajé". Obaluaiê pode literalmente ser traduzido como "Rei (Oba) da terra (aiê)." Aqui estamos falando de um ancestral divinizado pelo povo yoruba que detém os mistérios e poderes sobre o lugar ao qual estamos pisando. Mas o que isso tem haver com a Malandragem de umbanda?

Esse orixá rege alguns malandros e malandras, os agrupamentos mais sérios, com trabalhos intensos de resgate, proteção, guarda, vigília e sentinelas (sombras). Muitas vezes associado aos agrupamentos da Calunga pequena (cemitérios), Almas e Cruzeiro, esse orixá pode reger entidades de outros grupos, mas em geral sua influência é sobre os acima citados. Eles têm em sua forma de atuação, irradiação, elementos ou mesmo personalidade alta complexidade, introspecção, sinceridade diretiva (sem rodeios), trabalham com coisas específicas, nem sempre se deslocando das suas formas de atuação ou se desvinculando dos fundamentos que compõem sua essência. Tem grande respeito pelo acolhimento que tiveram em suas caminhadas, muitos tiveram resistência, tem personalidades que para muitos são tidas como "sombrias", passados dolorosos, más ações que estão sendo debitadas, ressignificadas. Após seu preparo, fundamentação, processos e missões, eles adquirem elementos importantes para os ritos, também tendo maior experiência para lidar com assuntos que nem todos tem preparação ou estratégia para conduzir.
É necessário cautela para cuidar dos mesmos, mas todos que estão a serviço das leis divinas, promovendo reforma íntima, caridade, amor ao próximo sabem que tem o seu amparo. Defendem em suma a sinceridade, clareza e a honradez, assim como as demais falanges da malandragem, mas tem quase sempre impaciência e não tem piedade com os que gostam de realizar práticas nefastas. Dependendo do grau evolutivo e suas autorizações, cumprem o que for necessário para correção das condutas, sejam dos encarnados ou desencarnados. É através das suas lições, que seus médiuns tendem a crescer, amadurecer e conhecer mais a si mesmos. E é através de suas magias e conselhos que muitos desencarnados começam a seguir para novas caminhadas e trajetórias.
Não deve existir hipocrisia em nossa religiosidade, tudo no mundo é dual, luz e sombra, necessitamos sim exaltar a luz e as forças do criador, também devendo conhecer nosso lado sombra para compreender as leis divinas, isso não está ligado aos fatos negativos, mas a verdade de nossos corações. Alguns malandros vão trabalhar processos de cura, amor, prosperidade, abertura de caminhos, já outros realizarão defesas, resgates, proteção, amadurecimento, racionalidade, coragem, vigor e crescimento pessoal. É importante dizer que não existem caminhos negativos dentro desses trabalhadores, existem formas mais densificadas de trabalho, trabalhos mais árduos, lutas constantes, recuperação, encaminhamento de seres e estratégias espirituais visando o bem maior. Todos são importantes, não importando sua forma de atuação, mas sim seus serviços prestados em busca da luz, harmonização e conexão com os ordenamentos de Nosso Senhor e dos Ancestrais Divinizados (Deidades Orixás).

Espero que vocês tenham gostado !
Que Obaluaiê abençoe muito vocês!
Que a Malandragem traga proteção, vitórias e axé!
Autoria: Priscila de Iemanjá.

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