Malandra Maria da Lapa;




Atendendo ao Pedido da amiga Lívia, sobre a Malandra Maria da Lapa;

Existia uma família muito simples, no Bairro da Lapa (Rio de Janeiro), era composta por um pai, que tinha muitos problemas com alcoolismo, uma mãe dona de casa, que já não aguentava mais ver o marido naquele estado e uma filha, que foi crescendo com uma grande revolta dentro de si, essa menina tinha o nome de Maria, ganhou esse nome por sua mãe ter devoção na Virgem Maria, mas de Santa, Maria não tinha nada. Sempre fugia de casa pra não ver a situação deplorável de seu pai, e não ver as surras em sua doce mãe, ia para a rua, parecia que lá todos os problemas dela iam se apagando, encontrou meninos quase da sua idade, agora já com 13 anos, fumando maconha, resolveu experimentar, eles lhe ofereceram de bom grado, contanto que ficasse por ali. Quando voltava pra casa, nenhum dos dois sentia sua presença, seus pais estavam imersos nos próprios problemas, e não ligavam pra aquela menina, que de menina não tinha mais quase nada. Aos 15 anos sua mãe lhe pediu para ir até a venda (comércio da época), as ruas estavam muito escuras, não havia sequer uma alma viva, entre becos e vielas, daquela noite carioca, um homem que pela grande escuridão ela não conseguia visualizar direito, a pegou, completamente a força, sem defesa alguma, ele tirou proveito e abusou dela, e lhe disse:

"Você é a mais frágil que já encontrei, a mais fácil de me aproveitar."

Assim que voltou pra casa, sua mãe perguntou o que havia ocorrido, mais ela correu e se trancou no banheiro, não queria ver ninguém, entrou no chuveiro e ali ficou por horas, chorando, tentando que aquela água lavasse seu corpo e talvez sua alma.

Saiu dali, recolheu as roupas, foi embora, sem dar explicação, satisfação a ninguém, foi pra rua, não sabia o que fazer, foi andando de rua em rua, beco a beco, viela a viela, até que chegou a Gamboa, foi quando passou na porta de um Bordel, muito antigo, a dona estava dando uma festa, resolveu entrar, não tinha nada a perder, mais quem sabe, tinha a ganhar.

A Velha Cafetina, senhora experiente, avistando a menina, foi logo lhe perguntando as coisas e lhe oferecendo uma vida que parecia mais fácil, ela de pronto aceitou, estava em dificuldades, tinha que fazer sacrifícios.

Maria fez amigas, fez fama, por ser menina faceira por fora, porém por dentro era uma mulher de força, fibra, ganhou muito dinheiro, perdeu muito também, mais por ali ficou, por 2 anos, se divertindo com as meninas daquele Bordel, que tinham histórias tão marcantes quanto a sua;

Ela ficou cada vez mais forte, decidida, determinada, precisava sobreviver, e o estupro a fez renascer. Estava um dia á passear pela Lapa, bairro que sempre gostou, onde aprendeu a beber, farrear, fumar, jogar dados e cartas, nos velhos botequins. Quando numa noite escura avistou um homem em meio a penumbra, tentando estuprar uma mulher morena meio alta, essa morena era uma Maria também, hoje é uma Malandra que responde na falange de Maria Navalha, ela logo puxou sua Navalha e pois se a brigar com o homem, e Maria avistará os dois em meio a peleja,foi quando reconheceu, era seu estuprador, só não quis salvar o pai do destino que ele mesmo havia escolhido. Chamaram a policia, houve uma grande confusão, a morena foi embora correndo, ganhando cobertura dos outros "malandros", mas quando Maria deu conta de si, o sangue do estuprador corria na sarjeta, era o fim da sina do estuprador, seu pai havia ganho um triste e trágico fim.

Naquele momento Maria, sabia que tudo havia acabado, ela perdoará o pai por todo o sofrimento. Maria começou a sentir uma forte dor em seu peito, não era tristeza por seu pai ter morrido, era sangue que escorria, ela havia tomado um tiro, como se fosse um bandido. Ela caiu, seu corpo ali ficou, seu espírito vagou pelas ruas da sua Lapa tão amada por muito tempo. Foi quando um espírito muito evoluído, dela se aproximou e lhe disse:

"Você quer ter amor incondicional?
E salvar - se desse mundo que você mesma se aprisionou, ajudando as pessoas como forma de libertação?"

Ela logo aceitou, foi assim que se tornou entidade e reconheceu que o melhor caminho para a felicidade é a Caridade.

Maria é assim, é Menina, é Mulher, é Dama noite e dia na Porta do Cabaré.
Como tantas outras Marias, que sofrem e mesmo assim continuam na luta, é Mulher da Lapa, Malandra quando quer, foi mulher de muitos homens, mesmo sem saber amar.

Características:

Indumentária: Branca, vermelha, preta , amarelo (dourado);

Bebidas: Cerveja Branca, batidas.

Fumo: Cigarros de filtro vermelho, mas gosta de cigarros finos.

Ponto de Força : A Lapa, é claro;

Comidas: Gosta de linguiça frita acebolada, salame fatiado, queijo coalho;

Salve a Malandra Maria da Lapa.
Salve a Malandragem.

Espero que tenha gostado da postagem, um abraço amiga  Lívia.

Obs: Imagem meramente ilustrativa.

Este texto, assim como os outros não podem ser copiados parcialmente ou integramente sem autorização prévia (expressa) da autora. Plágio é Crime.

Postagens mais visitadas deste blog

Falange Camisa Preta e Malandro Miguel (Miguelzinho):

Pontos Cantados na Umbanda ao Seu Zé Pelintra e ao Povo da Malandragem :

Malandro das 7 Encruzilhadas