"Quem tem muito, quer sempre mais e não valoriza o que já tem. Quem tem pouco, valoriza o que já tem e quer um pouco mais para viver confortavelmente."

A nossa gratidão começa com aquilo que a sociedade nem sempre valoriza, somos alegres ao
ouvir um samba, ao dar um presente para uma criança, ao dividir nossa prosperidade doando para alguém necessitado, o desapego é leve, não nos dói dividir o que temos, pois sabemos que amanhã teremos em dobro, as ações não são pensadas como barganha, cuidamos da nossa espiritualidade, porque queremos cuidar da nossa espiritualidade, cumprir nossas missões de vida, missões assumidas perante a espiritualidade, honrar compromissos ancestrais importa para nós, muito mais do que trocar de carro toda hora, acumular riquezas explorando os outros ou nos afundarmos em relações abusivas.
Sabemos aonde podemos chegar, o que podemos conquistar, o que merecemos e principalmente o que precisamos, nada além do necessário para uma encarnação consciente e tranquila.
Temos a consciência de que podemos sim perder algumas batalhas, mas isso não define quem somos, nossa fé no "invisível", nesse povo da noite, da rua, da luta, do Morro, das Estradas, das Almas, da Lapa, do Cais, da Calunga, do Cruzeiro, das Encruzas, dos terreiros, aqueles que nos dão força pulsante, determinação e não nos deixam desistir.
Ter fé em um Malandro ou Malandra não é garantia de que as coisas vão dar sempre certo, mas sim certeza de que temos apoio espiritual, conforto, alento.
São mais que guardiões antigos, são espíritos de luz que se tornam nossos amigos nessa caminhada. Sabem dos nossos sofrimentos, dores, desamores, porque já vivenciaram tudo isso. Eles sabem o que é o cotidiano num país tão desigual, estão presentes nas vielas do Alto do Morro, nas frestas, nos detalhes, no drible das adversidades. São memórias vivas de um passado sofrido, com luta, coragem, impulso, contra toda e qualquer forma de opressão.
Se enganam aqueles que acham que tais espíritos benfazejos fazem somente a nossa guarda, permanecendo no plano astral, em sua colônia, nos setores e
espirituais, envolvidos apenas no limiar espiritual ou em lutas com irmãos em negativação. Seu Zé, Rosa Malandra, Maria Navalha, Seu 7 Navalhadas, Malandrinho, Maria Preta, Malandrinha do Cais, Maria Pimenta, Seu Camisa Preta, Maria Baralho, Zé Malandro, Malandra 7 Navalhas e tantos outros estão no aqui e agora. Eles ouvem você, gostariam de poder mudar mais, modificar as coisas materiais em seu favor, mas não há autorização. Ainda que não possam interferir completamente na nossa vida encarnada, permanecem junto a nós, seguram nossas mãos, sopram intuições, abraçam com carinho. O vento é assim, não temos como "provar", quem não sente isso não entende, quem não tem essa conexão, essas entidades presentes na vida não tem noção de como é, não sabe a profundidade das nossas ligações com os Malandros e Malandras.
Mas cada um de nós que confiamos nesse povo, sabemos qual é a sensação.
Talvez seja por isso que o desespero e a falta de esperança não fiquem muito tempo em nosso interior.
Temos parcerias espirituais ao nosso redor, isso e nosso conhecimento são coisas que absolutamente ninguém pode tirar.
Salve a Malandragem !
Axé !
Bençãos da Linha da Malandragem para vocês !
Não desista !
Autoria: Priscila de Iemanjá.
Imagem meramente ilustrativa.
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